
Uma sociedade mais digitalizada é uma sociedade mais segura?
O II Congresso Internacional sobre Vulnerabilidade e Cultura Digital realizou-se em Madrid, reunindo e coordenando acções institucionais, de divulgação e investigação de seis grupos de Investigação em Comunicação consolidada, pertencentes às universidades de Madrid CEU San Pablo, Universidad Rey Juan Carlos, Universidad Complutense de Madrid e Universidad Villanueva Internacional.
Minsait colabora com o programa PROVULDIG2-CM "Novos Cenários de Vulnerabilidade Digital: Literacia dos Média para uma Sociedade Inclusiva", co-financiado pela Comunidade de Madrid e pelo Fundo Social Europeu, com a intervenção de José Antonio Rubio, director de Soluções Eleitorais, na mesa redonda "Quatro abordagens à cultura digital".
A questão que introduziu a reflexão sobre "Cultura digital e segurança pessoal" foi precisamente se uma sociedade mais conectada, mais automatizada... leva a uma sociedade mais segura para o indivíduo e para a comunidade.
As estatísticas sobre incidentes de segurança publicadas por Radware, Kaspersky e outras revistas de renome como The Register coincidem no aumento das tentativas de negação de serviço (DDoS) contra infra-estruturas implantadas na Internet, bem como intrusões e outros tipos de danos que ameaçam a segurança dos dados.
Existe um consenso alargado entre as equipas de gestão das grandes organizações sobre a atenção prioritária à ciber-segurança, o que salienta a importância dos riscos e ameaças que uma sociedade mais digitalizada traz às empresas e instituições que prestam serviços electrónicos aos cidadãos.
As estatísticas do crime publicadas pelo Ministério do Interior do Governo espanhol revelam um aumento dos crimes de ódio (racismo, xenofobia) que são difundidos através da Internet e, em particular, através das redes sociais, o que salienta que existe um efeito de digitalização que viola os direitos e liberdades na esfera individual.
Sabemos que a difusão de notícias falsas nas redes sociais gera dinâmicas de exclusão entre grupos sociais que postulam e defendem posições diferentes, particularmente por motivações ideológicas e políticas, levando à polarização e intolerância que desencadeia o abuso da linguagem e outras manifestações de violência.
O efeito do abuso de informação e, em particular, a proliferação de embustes e notícias falsas durante as campanhas eleitorais - que se espalham digitalmente a uma velocidade superior às restantes - tornou-se um hábito digital perigoso para a saúde das nossas democracias, não só ameaçando a esfera pessoal dos candidatos, líderes políticos e instituições encarregadas de organizar processos eleitorais, mas também arrasta não poucos eleitores para o desinteresse e afastamento da política, levando à abstenção e mesmo a um "voto de castigo" contra partidos baseados em falsidades propagadas pelos meios de comunicação social.
A intervenção de José António encerrou partilhando algumas iniciativas que lançaram alguma luz sobre o enorme problema de vulnerabilidade associado ao aumento da digitalização, como a do Tribunal Superior Eleitoral do Brasil que, durante a campanha e dia de eleições de 2 de Outubro, convidou os cidadãos a utilizar um Sistema de Alerta para denunciar abusos de informação face a atitudes violentas, discurso de ódio e desinformação sobre conteúdos eleitorais.
A investigação Inoculation Science conduzida pelas Universidades de Cambridge e Bristol revela um caminho interessante para a "vacinação" contra o vírus da desinformação, que consiste na formação e evidência de abuso de informação, das suas verdadeiras intenções com fins manipulativos, de modo a que possamos visualizar, reconsiderar e partilhar para socializar atitudes mais educadas e críticas em relação a embustes e mentiras.
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