Investimento o público após a pandemia. Que tipo de crescimento está previsto?

Para resumir o conteúdo da conferência, tornou-se claro que, se a receita da recuperação da crise financeira de 2008 foi a austeridade após os excessos, a receita contra a crise provocada pela pandemia de Covid-19 é bastante diferente: é o investimento público como alavanca de crescimento, é a receita das políticas expansionistas para implementar grandes reformas graças à grande soma de fundos da Próxima Geração; não em vão, a Espanha receberá nos próximos 6 anos um investimento semelhante ao recebido através dos fundos estruturais nos 30 anos desde a nossa adesão à União Europeia.

O sentimento de esperança perante as desigualdades (o panorama que Ignacio de la Torre apresentou hoje para os nossos jovens não podia ser mais sombrio) e o fim do ciclo do actual modelo de produção estende-se ao desejo de "mais democracia perante o populismo" e aos excessos de alguns Estados que viram na adopção de medidas extraordinárias de saúde pública durante a pandemia uma oportunidade de limitar direitos e liberdades.

Em quase toda a parte do mundo estamos a sofrer de uma sobre-radicalização da identidade e posições culturais que polarizam as nossas sociedades, sem que seja muito claro de onde provém tanto "ressentimento". O Professor Antón Costas disse que a perda de prosperidade inclusiva e o medo do futuro após a crise financeira são a causa da polarização excessiva, mas a ideia da "contra-revolução silenciosa" mencionada pelo recentemente falecido sociólogo Ronald Inglehart também ressoou, o que arrasta ao longo das sucessivas modernizações que a humanidade experimentou, a começar pela transição de uma sociedade agrícola para uma sociedade industrial, que adopta valores racionais e seculares em oposição aos valores mais tradicionais, incluindo os de natureza religiosa. A transição subsequente para uma sociedade de serviços levou à adopção de novos valores como a auto-expressão e a exigência de maiores liberdades nas sociedades democráticas com acesso mais fácil aos mercados internacionais, à informação e às novas tecnologias TIC... Neste processo de modernização, que acelerou com a hiper-globalização dos anos 90, o emprego foi destruído e foram geradas desigualdades, que estariam na origem do ressentimento e das cicatrizes das últimas crises vividas no século XXI.

Existe um "efeito de sinalização" do investimento público que atrairá o investimento privado, ansioso por fornecer à sociedade capital tecnológico a fim de avançar para um crescimento mais inclusivo e mais sustentável do ponto de vista social e ambiental. 

Os fundos Next Generation abrem assim uma "janela de oportunidade transformadora" no nosso país (Espanha) e em toda a União Europeia graças a um Banco Central Europeu que converte obrigações e debêntures e gera uma liquidez extraordinária de dinheiro público para que os países da União Europeia possam financiar as reformas necessárias para melhorar a educação, o desenvolvimento de políticas activas de emprego, a luta contra a descarbonização das nossas indústrias e contra as desigualdades sociais.

É essencial para Espanha e para o resto dos países da UE identificar sectores estratégicos em cada território onde concentrar investimentos que lhes permitam tirar partido dos pontos fortes existentes em cada região, em cada comunidade, e tentar racionalizar a eficiência aumentando a competitividade das nossas economias enquanto os EUA e a China resolvem as suas questões internas (desacordos dentro do Partido Democrático com a nova administração Biden ou o já prolongado abrandamento da economia chinesa) e clarificar o papel que desempenharão na nova ordem mundial durante a próxima década.

Para ver um resumo de tudo o que se passou durante a conferência realizada em La Granja, veja o vídeo deixado por Víctor Lapuente, o novo presidente das reuniões intergeracionais em La Granja.